FILOSOFIA

FILOSOFIA DO YOGA ॐ

“A arte expressa a alegria que habita em nossos corações e é liberdade acima dos desejos, nos torna potentes e permite novos olhares para a vida” Clara Rocha

 
NASCE A VONTADE DE COMPARTILHAR O YOGA

Um projeto autogerido, que nasceu do coração para levar inspiração aos olhos de quem busca crescimento interior!

 O intuito é impactar uma grande quantidade de pessoas que estejam querendo este algo diferente em suas vidas, a melhor conexão consigo mesmas. Através de imagens, fotos da vida como ela é. Levamdo o Yoga para a todos, despertando a curiosidade e o interesse de quem passa por perto.

 Yoga como arte e cultura. Podemos trocar experiências, pensar por várias outras perspectivas o papel do Yoga nos dias atuais.

 

Todo artista se eleva a partir de sua criatividade

Todo Yogi é um artista quando pratica

E em ambos os momentos existe a sensibilidade,  a beleza da arte muitas vezes vem da profundeza do coração onde existe essa sensível capacidade criativa.

Muitos asanas nos exigem esse esforço, que vem desse lugar profundo em nossos corações.

E quando pronto, seja uma prática ou seja uma obra de arte, se tornam uma verdadeira fonte de inspiração para quem aprecia. Isso só é possível por que existe essa capacidade de mergulhar fundo, no abismo da alma, no vazio de dentro. Assim a arte acontece na sua plenitude, como também um  Yogui se revela pleno. A arte e a pratica do yoga so podem ser expressas por aqueles que tem mente sensível, capaz de sair da superfície turbulenta e buscar esta sensibilidade na profundezas do seu coração. Saber transformar é atributo de um artista, saber se transformar  é atributo de um Sadaka(praticante de yoga), processo pelo qual exige esforço, dedicação, entrega e muita gentileza no olhar, nao este olhar que vê o mundo la fora, mas esse olhar que ja foi lapidado e que pode enxergar o invisível. Este intangível visto pelos olhos do sentimento. Nao é descartar o mundo de fora, nem mesmo ignorar o mundo de dentro, mas o equilíbrio entre a matéria e o espírito, como diz  Smith

“O artista busca entrar em contato com a sua noção intuitiva dos deuses, mas, para criar seu trabalho não pode permanecer nesse domínio sedutor e incorpóreo. Ele deve voltar ao mundo material para fazer sua obra. A responsabilidade do artista é equilibrar a comunhão mística com o trabalho criativo”. (Patti Smith)

No meio da superficialidade, do utilitarismos e ritmo frenético do dia-a-dia modernos, me encontro com muita energia para compartilhar dos ensinamentos Yoguicos que fui adquirindo ao longo de uns 25 anos. Assim a beleza de muitas imagens espero que possa trazer a quem apreciar algum motivo para refletir, para alegrar e quem sabe para te transformar. Há gotas divinas em cada momento de sua vida, então meu convite é, nao espere, vá e faça, simples assim. Alias o simples, o pequeno olhar, o mais sutil dos gestos sao os mais valiosos nesta jornada da vida. É preciso novos olhares para ter transformação, e toda ela irá lhe exigir um grande esforço e muitas vezes desconforto. O artista e o yogi sao aquele que produz, e que se torna sua própria obra, sendo assim viver a vida é se transformar numa grande e belíssima obra de arte. E estão certamente querendo compartilhar, pois ninguém esta sozinho, por isso a arte, o yoga e a vida são feitos de relacionamentos. A habilidade de saber encontrar a harmonia nas relações, seja expressando arte, seja expressando amor, seja ensinando, dividindo a vida. Uma tarefa forte que nos exige ser ousados, inteiros e verdadeiros, virtudes de um yogi e de muitos grandioso artistas. Por isso muitos desses artistas foram considerados visionários, além de seu tempo. Exatamente porque ousaram criar coisas novas, sobretudo ousaram ver o mundo de uma maneira diferente. E nunca antes o mundo precisou tanto de novos olhares. Olhares mais amorosos, mais sensíveis.

Consigo ver o Yoga como arte. Processo de transformação, de poder fazer com que as pessoas reconheçam a beleza em si mesmas. Nao uma beleza romântinca, mas uma beleza forte, firme, que sustente cada dia e as torne ainda mais potentes. A beleza que só pode ser enxergada pelos olhos dos sentimentos. Assim Yoga segue fortalecendo pessoas na sua jornada interior, para que as suas funções pessoais, sociais e éticas as eleve a cada dia

शांति

“Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a
liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las.”

B.K.S. Iyengar em Luz na Vida

 

YAMAS 


AHIMSA – não violência

Significado de “não-violência” ou “não prejudicial”, é uma forma de ser que elimina ações prejudiciais, palavras e pensamentos. Ahimsa é uma forma de compaixão, simpatia e bondade para todos os seres vivos. Algumas pessoas incluem animais nesta perspectiva e abster-se de comer carne ou usar qualquer subprodutos animais. Esta é uma das razões pelas quais tantos yoguis são vegetarianos ou veganos.

Ahimsa precisa ter lugar em todas as situações que ocorrem em nossas vidas se quisermos cainhar pelo caminho espiritual. Ahimsa pode ser tão simples quanto abster-se de fofocar porque falar com dano em relação a outra pessoa é considerado como sendo um (prejudicial) em ação.Este é um texto de exemplo dentro de sua coluna recém criada.

Todos nós precisamos trabalhar para cultivar ahimsa para nós mesmos. Abandonar a violência contra nós pode ser um dos maiores desafios de ser humano. A auto-fala negativa e a auto-sabotagem atuam constantemente como obstáculos no caminho da auto-realização .

Se você fosse gravar as vozes negativas nas cabeças de todas as pessoas em qualquer dia, você entenderia melhor o quanto é difícil a auto-aceitação. Muitos dos nossos pensamentos são inconscientes e profundamente arraigados – como os grooves em um registro.

A beleza do yoga e da meditação é que eles nos ajudam a parar a agulha no registro de fazer novos sulcos ou fazer esses sulcos mais profundos. Dentro da nossa prática, aprendemos auto-amor e práticas de autocuidado para cultivar ahimsa para nós mesmos.

Quando aplicamos ahimsa à nossa prática de ioga, o mesmo é válido. Às vezes, podemos abordar nossas práticas de yoga e meditação com uma espécie de esforço agressivo ( sthira ) ou energia competitiva. Nós pensamos:“Eu vou conquistar minha mente ou entrar naquele asana se é a última coisa que eu faço!” Às vezes, a intenção sob o caminho do auto-aperfeiçoamento está longe de ser um amor próprio. Muitas vezes pode ter uma ponta dentada, sentindo que estamos nos batendo, em vez de nos aceitar como somos.

ASTEYA – não roubar

A prática de asteya exige que não se roube, nem tenha a intenção de roubar a propriedade de outrem através da ação, fala e pensamentos. Não roubar mesmo que em pensamentos.

A origem do ato de furtar pode estar intimamente ligada ao apego, que é o principal impedimento para o desenvolvimento da determinação de ser livre, e que contraria outro yama: aparigraha.

Asteya não deve ser interpretada apenas como abstinência de roubo, mas como abstinência de qualquer tipo de apropriação indébita. O futuro Yogi não pode se permitir apropriar-se do que não lhe pertence propriamente, não apenas dinheiro ou bens, mas até mesmo coisas intangíveis, porém altamente vantajosas, como crédito por coisas que não fez ou privilégios que de direito não lhe pertençam. Somente quando uma pessoa consegue eliminar, até certo ponto, esta tendência à apropriação indébita em suas formas mais grosseiras, é que começa a descobrir as formas mais sutis de desonestidade que permeiam nossa vida e das quais dificilmente nos conscientizamos.

A palavra integridade tem a mesma raiz de integral e integrativo. A partir do momento em que reconhecemos que somos parte de uma totalidade maior e que abrange todos os seres vivos, e que essa é a nossa verdadeira natureza, todos os nossos atos passam a se irradiar a partir dessa conscientização, cessando automaticamente a insatisfação, a vontade de querer sempre mais e os sentimentos de cobiça – oriundos do egoísmo e da ilusão de sermos uma unidade distinta e isolada dos demais seres do planeta.

A partir do reconhecimento desse estado de integridade, tomamos do universo, do planeta e dos demais seres vivos apenas aquilo que é necessário. Para se ter clareza a respeito do que é o “suficiente” e que realmente precisamos, devemos entrar em alinhamento com o valor da não-violência (ahimsá), em primeiro lugar, e com o valor da verdade (satya), em segundo. 

SATYA – verdade

Não há palavra que possua um significado tão elástico quanto essa. Para cada ser humano no planeta existe uma verdade pela qual se orienta, isso acontece porque ninguém a conhece realmente.

Talvez o verdadeiro sentido de verdade nesse método esteja relacionado a não mentir, evitar um comportamento hipócrita, assumir a própria natureza, não criar máscaras para ajustar-se às exigências externas, assim por diante. Acreditar que algo tão poderoso e desconhecido quanto a Verdade faça parte da conduta de um praticante de raja yoga é utopia. A Verdade é o fim e não o meio.

Pilatos perguntou o que é a Verdade para Jesus e ele não respondeu, nem poderia. Jesus não encontraria recursos com a nossa linguagem pobre para explicar algo que não pode ser explicado com palavras. Não é possível para um cego conhecer o amarelo, nem é possível para aquele que enxerga explicar o que é o amarelo.

A verdade está em outra instância, não pode ser alcançada pela mente humana, precisa ser experienciada. Aqueles que falam sobre a Verdade não a conhecem e aqueles que conhecem não falam. Conhecer a Verdade é, realmente, libertar-se, quebrar os grilhões de ignorância que nos prendem na realidade corpo-mente para  alcançá-la dentro de si mesmo.

Há muitos mercadores da verdade que garantem a realização através dos mapas que possuem, mas é preciso muito cuidado. Sempre estaremos expostos aos encantos de flautas mágicas, nos conduzindo como ratos, para fora do vilarejo interior onde encontra-se o nosso objetivo. O vilão no conto dos Irmãos Grimm é o Flautista, não os ratos.

Mas, para aquele que procura seguir na senda da autorrealização, observar Satya, meditar em torno de um comportamento coerente com a própria natureza, já é de grande ajuda.

A baixa autoestima induz o ser humano a criar um falso eu, pois instintos primitivos de grupo o compelem a isso. Existe uma necessidade de ser aprovado, de ser aceito e, muitas vezes, de ser reverenciado, desta forma, o uso de um verniz é quase natural.

Satya preconiza uma mudança, é preciso rever, através de autoinquirições, nossas verdadeiras necessidades. Até que ponto preciso da aprovação do outro? Até que ponto devo me importar com as avaliações que fazem da minha pessoa?

Enquanto vivermos de pires na mão em busca de aceitação, afeto, carinho, respeito, estaremos distantes desse preceito.

O homem precisa descobrir que não é um vasilhame à espera de preenchimento de pessoas ou coisas, tudo aquilo que precisa ter já tem, tudo aquilo que precisa ser já é, simples assim. O grande desafio é livrar-se de todos os condicionamentos e falsas verdades que estruturaram esse programa emocional anacrônico e destrutivo.

“Conhecerás a Verdade e ela vos libertará” dizia o mestre. Enquanto não nos libertamos, a senda proposta por Patânjali, com todas essas prescrições éticas, inclusive a adoção de Satya, segue como um roteiro seguro e real. Aliás, Raja Yoga significa União com a própria essência através da realidade.

BRAHMACHARYA é o quarto YAMA, e esta dentro das 04 fases da vida Ashram:

  • brahmacharya (formação educacional e religiosa)
  • gruhastya (formação de uma família)
  • vanaprastha (preparação para uma vida sem apego)
  • sanyasa (desapego e vida espiritual)

Para completar os 04 objetivos da vida:

1. dharma – ciência da ética, social e deveres religiosos, trabalho digno

2. artha – aquisição de saúde; fase da conquista de dinheiro e família; chance de experienciar o amor humano e a felicidade e preparando-se para o amor divino através da amizade e compaixão.

3. khama (prazeres da vida) – depende amplamente de um corpo(santuário da alma) saudável e de uma mente equilibrada e harmoniosa, pela pratica de ásanas, pranayama e dhyana.

Este é um texto de exemplo dentro de sua coluna recém criada.

4. moksha – liberdade da escravidão dos prazeres mundanos, liberdade e beatitude. Essa libertação somente é possível ao tornar-se livre das aflições, como doença, abatimento, dúvida, descuido, preguiça física, ilusão, falha ao manter a força de vontade, negligência na atenção, miséria, desespero, tremor do corpo e respiração ofegante.

Nesse estágio percebe-se que poder, prazer, saúde e conhecimento são temporários, aprende-se a ir além de tamas, rajas e sattva

O sábio Vasista teve uma centena de filhos e, mesmo assim, era chamado de brahmacharya porque não se entregou ao sexo apenas por prazer. Antigamente, o namoro acontecia somente sob a conjunção de estrelas auspiciosas, em um dia e horário que não ocorria nenhuma outra vez no ano. É por isso que eles eram chamados de bramahcharis, embora fossem casados.

Liberdade com disciplina é a verdadeira liberdade.

O Senhor Krishna diz no Bhagavad Gita que um yogue segue o brahmacharya pela moderação no sono, na alimentação e na regulação do namoro.

 

Esse é o caminho da vida do yogue.

 

Brahmacharya é definido como celibato, estudo religioso e castidade, por todos os seres humanos que não precisem de castidade, nem de proibição, mas sim que não abusem, mas controlem o namoro.

APARIGRAHA – desapego

Aparigraha significa desistir de cobiçar, considerando que a cobiça e o acúmulo causam problemas, que as coisas estão sujeitas à decadência e que a associação com elas causa desconfiança e rancor. Aparigraha é uma das virtudes mais importantes. O praticante mantém somente aqueles objetos que são essenciais para sua vida. Isso mantém a mente despreocupada e também ele não tem do que se preocupar porque não tem nada para ser protegido. Muitos exemplos são encontrados em solo indiano, sábios que caminham pela vida apenas com um pedaço de pano cobrindo seus corpos, uma cumbuca, um jarro de água e um Japa Mala (colar de contas) pendurado no pescoço. E em muitas vezes nada disso eles carregam. Nunca estão em um único só lugar. Suas mentes estão sempre livres e relaxadas e eles estão sempre prontos para exercer seus deveres. Eles são chamados de Sadhus (homens santos), muitas vezes de mendigos, mas suas riquezas interiores são infinitas.

Segundo Iyengar este Yama está associado com o terceiro, sendo não cobiçar, viver uma vida sem excessos. O caminho da cobiça leva à servidão da sensualidade e ao desejo de expandir o ego por meio de posses. Riqueza é energia, e a energia foi feita para circular. A não possessividade traduz-se em generosidade e desapego em relação não apenas aos bens materiais, mas também às relações afetivas. O apego nos tira da sintonia necessária para praticar.O não cobiçar é definido como o hábito de não aceitar presentes, pois eles tendem a gerar o apego e o medo da perda. Assim, os yogins são encorajados a cultivar a simplicidade voluntária. O excesso de bens materiais só serve para distrair a mente. A renúncia é um aspecto essencial do estilo de vida Yogue.O mais importante em aparigraha não é abrir mão das coisas que já realizou ou pretende realizar, conquistou ou pretende conquistar, aparigraha mesmo que império seja criado a sua volta, sua mente não esteja identificada com ele.

A inveja significa que desejamos ser o que outra pessoa é ou a ter o que outra pessoa tem. Em vez de descobrirmos quem somos, copiamos outra pessoa. Aparigraha, em essência, nos auxilia na descoberta de nosso verdadeiro ser, de modo que não sintamos mais a necessidade de cobiçar o que outra pessoa tem ou de ser o que outra pessoa é.

Gentileza, honestidade, abundância, continência e auto-confiança – viver e lecionar esses yamas nos coloca no caminho de praticar todo o escopo da disciplina do yoga, uma aproximação à busca interior que nos torna plenos.

Pense bem: se até mesmo nosso corpo físico é “emprestado” a nós nesta vida, imagine o restante?Nada é realmente nosso, desapego é saudável para que saibamos compartilhar sem egoísmo o que temos.

NAMASKARA


NYAMAS
Os Niyamas nos dão a orientação quanto á relação conosco mesmos. São ações voltadas para o nosso interior, mas que facilitam a forma como nos movemos no mundo, abrindo caminho para os outros passos do Yoga. No Sutra 32 do Capitulo 2 dos Yoga Sutras, Patanjali cita os cinco Niyamas: Saucha, Santosha, Tapas, Svadhyaya e Ishvara Pranidhana.

SAUCHA – limpeza

Tantas e tantas vezes, as questões do corpo, como as doenças ou dores, não nos permitem estar em paz, fazem nos sofrer. É como uma casa entupida de coisas, acumulando poeira. A faxina é a parte difícil, mas depois desta logo nos sentimos mais aliviados, mais livres.  Então, preservar a limpeza do corpo, ainda que possa parecer uma preocupação extrema com o material ou supérfluo, é também um agradecimento por este organismo com que fomos presenteados. 

Este niyama lembra a pessoa para viver uma vida saudável e manter o corpo e a mente puros. Alimentação saudável, higiene pessoal e autocuidado também são considerados saucha.

Hatha Yoga Pradipika : shatkarmas (também conhecidos como Kriyas) que ajudam a limpar o corpo e a mente.

  • Neti – limpeza nasal, incluindo jala neti e sutra neti;
  • Dhauti – limpeza do trato digestivo; 
  • Nauli – limpeza e massagem abdominal;
  • Bhasti– limpeza do cólon; 
  • Kappalabhati – purificação e vitalização dos lobos frontais;
  • Trataka – limpeza dos globos oculares e canais lacrimais;
  • Danta kriya – limpeza dos dentes.

manter seus corpos, acessórios de Yoga e o espaço onde praticam limpos. Entrar sem sapato no shala, lavar o que usou, um ato de respeito, calma e devoção pelo uso.

Praticando Saucha no dia a dia: Saucha fora do tapete encoraja a pessoa a manter seu ambiente limpo, sua mesa de trabalho, sua casa, seu carro.

Praticando Saucha na dieta: comer de forma saudável e orgânica é considerado o mais “limpo” para nós. Sem conservante quinico

Praticando Saucha na mente: pensamentos ‘puros’ significa apenas não pensar mal! Cada um de nós tem uma escolha em como agir e, ao direcionar nossos pensamentos para a positividade, podemos adicionar positividade às nossas próprias vidas e ao mundo ao nosso redor.

Se a mente é a lente pela qual captamos o mundo e se está cheia de poeira, é impossível enxerga-lo claramente, captamos somente uma imagem distorcida. Mas como limpá-la? Mais uma vez, através da observação dos nossos padrões, da forma como reagimos ao que nos rodeia. Por isso a prática de asanas é tão importante, ela pode ser um ponto de partida ótimo para esse caminho de auto conhecimento

A autopurificação leva a uma disposição alegre, ao foco, concentração mental, domínio sobre os sentidos e à capacidade da visão do Si Mesmo. Essa última, implica uma mente pacífica, abre a visão interior para a realidade espiritual oculta por trás de todas as atividades mentais.

Limpamos nossa lente e o mundo parece mais simples

SANTOSHA – contentamento

 

Significa contentamento, mas não aquele condicionado pelas situações que correspondem aos nossos desejos. Pelo contrário, é um contentamento perante a vida, em todas as suas nuances. Porque encaremos a realidade, para cada prazer há uma ilusão, uma expectativa e um desprazer no final, seja porque acabou seja porque a expectativa não foi correspondida. E nenhum problema em fazer coisas prazerosas, mas podemos não nos identificar com isso, de forma a que quando chegar o outro lado da moeda, não desesperemos. Quando estabelecemos Santosha dentro de nós, estamos satisfeitos com o que a vida nos traz. Precisamos reconhecer que o mundo não gira ao nosso redor, que se rege por leis universais e que nem sempre as coisas acontecem como preferiríamos. Porque vejamos: como poderia o mundo ser perfeito para todos, se a ideia de perfeição de cada um é diferente? Uma pessoa adora dias ensolarados e quentes, a outra prefere dias de chuva, mas a outra gosta de dias ventosos e frios. Como agradar a todos? E mais, a Natureza precisa de esses contrastes para funcionar. Então, Santosha requer a maturidade emocional de entendermos que o Universo não se conformará a nossa vontade e que não estamos sempre no lugar do condutor. Mas traz consigo a gratidão, uma forma de amor. Quando por exemplo, trazemos Santosha para a prática de asanas, paramos de querer chegar mais longe e de forçar o corpo a ir onde ele, simplesmente, não está preparado para ir. Aí sim, podemos agradecer, respirar e fluir, ganhando muito mais benefícios do que quando somente pensávamos na postura perfeita. 


 

TAPAS – autodisciplina

 

É muitas vezes traduzido como austeridade, mas a sua raiz traz a ideia do fogo que queima as impurezas e que ao mesmo tempo gera energia. Nenhum outro elemento tem a capacidade de
transformar como o fogo. A água pode limpar, mas somente remove o que está a mais. O fogo liquefaz, molda, reduz ou dilata, podendo mesmo destruir. Neste sentido, é o fogo da autodisciplina,
que torra as sementes dos samskaras, aqueles padrões que nos fazem agir condicionados por experiências anteriores, sem consciência ou atenção, e que parecem persistir mesmo contra nossa
vontade, impedindo que estes germinem novamente. É o fogo da autodisciplina, que nos faz acordar antes do nascer do sol para praticar, que nos faz estudar sobre Yoga, que nos ajuda a purificar
as nossas ações. É o fogo da vontade interior, aplicado positivamente. É também o calor produzido pelas práticas de Asana e Pranayama, que faz o sangue circular com mais força e eliminar
bloqueios físicos, emocionais e energéticos.
É Tapas que leva a nos superarmos, sairmos da zona de conforto, conhecermos nossos limites, irmos um pouco mais além e descobrirmos que podemos dar muito mais. Mas claro,
isso não significa nos colocarmos intencionalmente no sofrimento ou ignorar as dores que sentimos, sejam elas físicas ou emocionais. Todos sabemos que os momentos de crise são
uma oportunidade enorme de crescimento, mas não por isso vamos provoca-los. Talvez esse seja mais um dos benefícios do Yoga, aprendermos a diferença entre dor e desconforto,
tensão e atenção. Voltemos à prática de asana, se nos sentimos demasiado confortáveis nesta, é hora de avançar. Uma postura nova, se adequada, causa um desconforto saudável
daqueles que obrigam a nos enfrentarmos. De repente, o ego diz que temos que conseguir chegar “lá” seja como for, a respiração fica ofegante, ao mesmo tempo sentimos medo e
tensionamos o corpo, ocasionando dor e pensamos: “Mas eu já sabia que esse não era o melhor caminho?” E de novo, aprendemos a lição, que julgávamos aprendida. Só que cada
vez avançamos um pouco mais nessa compreensão, entendemos melhor o nosso padrão. Ou mesmo nos asanas que já fazemos há anos, surge um desconforto numa parte do corpo e
aí entra Tapas. Não como o fervor fanático que nos faz forçar a postura, machucando-nos. Mas como a autodisciplina que nos faz dominar o ego teimoso, que insiste em fazer o que
sempre fez. Talvez outra parte do corpo precise abrir, talvez algo tenha mudado, mas trazendo a nossa atenção e rompendo o padrão, podemos passar esse limite que surgiu e talvez até
aprofundar a postura. 
Geralmente traduzido como asceticismo tapas é utilizado com um objetivo bem claro no Y.S. produzir calor, e através deste calor eliminiar as impurezas (ASUDHI), estas impurezas
geram aflição tanto para o corpo como para a mente. Quando a mente apresenta uma caracteristica de pureza (Sattva) ela tende a se direcionar ao (Samadhi). Segundo Vyasa Deva este
asceticismo nunca deve gerar aflição para a mente. Na Bhagavad Gita cap. XVII . 5 e 6, Sri Krishna diz: “Aqueles homens que, cheios de pretensão e arrogancia, possuidos pela violencia
do desejo e da paixão, praticam severas austeridades (TAPAS) não contempladas nos Shastras;” “Enquanto torturam os diversos elementos que compõem seus corpos, torturam a mim,
que neles habito…”. Quando se diz que o yoga é 99% prática e 1% teoria, percebemos que aquilo que conquistamos por graça no tapetinho deve ter algum valor para vida, para melhorar
nossos relacionamentos com as pessoas, com este universo e consigo mesmo, podemos considerar este como um tapas de mais alta qualidade

 

SVADHYAYA – estudo de si próprio

 

É o estudo, que pode ser de nós mesmos ou das sagradas escrituras. O auto-estudo é imprescindível: conhecer como está o corpo, o que desponta certas emoções, o que nos faz reagir sem
pensar, que obstáculos nos colocamos a nós mesmos impedindo-nos de avançar, entre outros tantos mecanismos. Somente compreendendo como funciona nosso corpo e mente, podemos
ultrapassar a identificação com estes e enxergar nosso verdadeiro Ser.
O estudo das escrituras e livros como a Baghavad Gita ou o Yoga Sutras também é fundamental. Eles estão repletos de sabedoria milenar e universal, que podemos aplicar na
nossa vida. Mas como dizia Pattabhi Jois: “99% Prática 1% Teoria”. Podemos ler cinquenta livros sobre Samadhi, se desconsiderarmos todos os outros Angas, de nada servirá. Trata-se
de praticar o que se aprende e não reduzir o estudo das escrituras a um debate filosófico.
TAPAṢ SVĀDHYĀYA ĪŚVARAPRAṆIDHĀNĀNI KRIYĀYOGAḤ, significa, segundo Iyengar que, zelo ardente na prática, auto estudo e estudo das escrituras, bem como a entrega a Deus,
são as ações do yoga. Acrescenta que, para Patañjali, a prática do yoga é a “yoga da ação”, kriya-yoga, composta de tapaṣ, autodisciplina, svādhyāya, auto-estudo e Īśvara praṇidhana,
entrega a Deus: karma, jñana e bhakti-marga, os três grandes caminhos apontados no Gītā, cujas fontes são a vida, a sabedoria e a rendição do ego, respectivamente.
Vijñānabhikṣu (cf. Edwin Bryant[1]) aponta que tapas, svādhyāya e Īśvara praṇidhana foram selecionados por Patañjali como os ingredientes mais importantes, uma vez que os colocou
sob as rubricas de kriya e também de niyamas. É interessante notar que tapas e svādhyāya são antigas práticas brâmanes, importantes nos ritos de purificação dos Vedas.

svādhyāya é o segundo componente de kriyā-yoga. A palavra é composta de “svā” que significa centro, “adhy” que significa perto e “āyana” que significa ir, portanto, svādhyāya 

significa ir em direção ao seu próprio centro ou Self ou auto estudo como meio de se chegar ao próprio Self ou, ainda, o estudo das escrituras que conduzem à liberdade (mokṣa)

como os Upaniṣads, Bhagavad Gītā e os Yoga Sūtras, não incluindo as escrituras religiosas simples porque estas podem conduzir à prisão dos dogmas e rituais mais externos do que

internos, não nos conduzindo em direção ao próprio Self.

[…] Este estudo das escrituras sagradas do mundo permitirá ao Sadhaka que se concentre sobre e solucione os problemas difíceis da vida quando estes surgirem.

Colocará um ponto final à ignorância e trará conhecimento. A ignorância não tem um começo, mas tem um fim. Há um começo, mas não há um fim para o conhecimento.

Através de Svadhyaya, o Sadhaka entende a natureza da sua alma e ganha comunhão com o divino.

Light on Yoga, BKS Iyengar, pg 39.

 

Ishvara Pranidhana – entrega ä vida

(Íshvara = Senhor, pra = diante, nidhána = depositar). Íshvara pranidhana pode ter vários significados conforme os contextos mas são sempre derivações de: ‘entrega ao Senhor’, ‘aceitação da vida’, ‘dedicação a todos os actos’, ‘auto-entrega’, ‘renunciar aos frutos da acção (pois todo o acto é dedicado a Íshvara)’

O que se entrega ou deposita perante a vida ou se preferirmos, perante Íshvara, são as próprias acções. Mas antes de nos debruçarmos sobre Íshvara e como aplicar este conceito na prática do Yoga e na própria vida, vejamos o seu contexto nos yoga sútras.

‘A supressão [da identificação com os vrittis consegue-se através da] prática constante e do desapego.’ Yoga Sútra, I-12 [2].

‘[O samádhi pode também obter-se] pela entrega a Íshvara.’ YS, I-23

Patañjali começa por nos ensinar que através de abhyása (prática constante) e de vairágya (desapego) se consegue o estado de Yoga ou samádhi (segundo o comentador Vyása: Yoga é samádhi), e que esse samádhi está próximo para aqueles que o anseiam muito. Em caso de insucesso nessas duas práticas ou falta de motivação, ele apresenta outro meio, Íshvara pranidhana , para chegar ao mesmo fim.

Mais à frente diz-nos: ‘esforço sobre si próprio, auto-estudo e entrega a Íshvara constituem o Kriyá Yoga.’ YS II-1

Patañjali apresenta-nos outra prática para chegar ao mesmo fim, o kriyáyoga, e novamente Íshvara pranidhana faz parte das técnicas.

É de realçar o facto de Íshvara pranidhana , a ‘simples’ entrega à vida, aparecer nas três práticas apresentadas por Patañjali como meio para chegar ao Yoga, apesar da dedicação e esforço que os yogis empregavam ao utilizar a grande variedade de técnicas ao seu dispor para se libertarem.

Íshvara é um Purusha especial, incólume às aflições, aos resultados das acções ou às latências provocadas por elas.’ YS, I-24

‘Não estando limitado pelo tempo, Íshvara é o guru dos mais antigos mestres.’ YS, I-26

Sendo Íshvara pranidhana uma prática que leva ao samádhi (ou se preferirmos ao Yoga) por si mesma, como encaixá-la na nossa prática pessoal?

O primeiro que temos que entender e perceber é: a quem se destina a prática, quem a realiza e quem a desfruta? Os mestres ensinam-nos que podemos escolher as acções mas não os seus frutos e que na prática somos aquele que observa e testemunha (sakshi) as experiencias e seus efeitos acontecerem.

Vācaspati Miśra (cf. Bryant) nota que dedicação a Deus, abhyāsa e vairāgya, prática e desapego, foram mencionados no primeiro capítulo (I.15) como os meios do yoga, enquanto aqui, em kriya-yoga, tapas, svādhyāya e Īśvara praṇidana estão sendo apresentados como meios. Prática e desapego, entretanto, requerem a predominância de sattva e isto é difícil para a mente ativa ainda sob a influência de rajas e tamas. Para temperamentos como esse, os meios delineados neste sūtra produzem a pureza de mente requerida. Uma vez que a mente esteja mais sattvic, torna-se mais capaz de permanecer fixada na prática e no desapego.

Taimni ainda esclarece que essa disciplina preparatória é tríplice em sua natureza, correspondendo à tríplice natureza do homem: tapas relaciona-se com a vontade, svādhyāya com o intelecto e Īśvara praṇidhana com as emoções, de modo a acarretar um desenvolvimento integral e equilibrado da individualidade, tão essencial à consecução de qualquer ideal elevado.

Os comentaristas consideram essa dedicação dos frutos da ação a Īśvara como uma referência implícita a karma-yoga centrada em bhakti exposta no Gītā por Kṛṣṇa: “você tem o direito de cumprir seus deveres, mas não aos seus frutos; não se considere como o executor das suas atividades e não se apegue à inatividade.” (II.47). De acordo com as leis do karma, toda ação, boa ou má, quando executada com base no interesse próprio, ou mais precisamente, sob a influência da ignorância – confundindo o eu com o corpo ou a mente (II.5) – planta uma semente de reação, que nesta ou em futura vida irá eventualmente gerar frutos, bons ou maus, de acordo com a ação original (II.12).

Karma-yoga, conforme o Gītā, é o caminho da ação orientada puramente pelo dharma, através do qual a pessoa pode evitar o ciclo vicioso da reação do karma, sasara.

 Namaskar!

 

 

A VIDA É A ARTE DE RELACIONAR-SE
DE UNIR-SE
DE ENCONTRAR-SE
A HARMONIA ENTRE O TERRESTE E O CELESTE
 UM CHOQUE DE PAZ EM MEIO AO CAOS
NO MEIO DA RUA
ONDE A VIDA ACONTECE NA SUA FORMA MAIS VIVA
 NA RUA HÁ GUERRA
EXISTE A CARENCIA
O CONTRASTE DA RIQUEZA COM A POBREZA
O LUXO E A SIMPLICIDADE
E O EQUILÍBRIO ONDE ESTÁ?
DENTRO – ONDE O YOGA ACONTECE